quinta-feira, 25 de abril de 2019

O que você vai ser quando envelhecer?

O médico e escultor Dr. Paulo Aguinsky compartilha sua visão sobre a Terceira Idade.


Dr. Paulo Aguinsky esculpindo uma de suas belas obras em mármore.

SENDAS da LONGIVIDADE

Ter uma permanente ocupação é fundamental. Disse Willian James, psicólogo, e um dos principais pensadores do final do século:” o melhor uso da vida consiste em gastá-la por alguma coisa que dure mais que a própria vida”. 

Quando criança, amigos e parentes nos perguntam com muito carinho, o queremos ser ou fazer quando adultos; mas quem se interessa em nos perguntar quando atingimos a meia idade, o que faremos quando nos aposentarmos? A aposentadoria que representa a ruptura com o mundo profissional, funções, reconhecimentos, relações e vínculos, é para muitos um momento de angústia e que vem muitas vezes acompanhado por um desequilíbrio psíquico, pois sua identidade social está ameaçada e este sujeito fica diante de um novo impasse: o de ser considerado velho. 

Esses fatores podem ser amenizados com a reconstrução da identidade pessoal, através da interiorização de novos papéis e da busca de novos objetivos de vida, num processo de redefinição. A humanidade, de uma maneira geral, excepcionalmente em países desenvolvidos, conquistou-se uma sobrevida que avança a cada novo recenseamento divulgado. No Brasil, a estatística, segundo o IBGE de 2017, a expectativa do brasileiro é de 78,8 anos; abaixo dos países como Japão, Itália, Singapura e Suíça. No Japão, como exemplo, a expectativa para os homens é de 81,5 e 88,5 para as mulheres. Esse fato deve-se a todos os avanços da medicina conquistados nas últimas décadas, de políticas de apoio, revisoras dos conceitos sobre o idoso; a melhoria das condições socioeconômicas, alimentação saudável, criação e multiplicação de clínicas e pessoal especializado no trato com idosos, etc. 

Mas a pergunta que faz sentido no tema proposto, é com o que devem ocupar-se as pessoas da terceira idade para obterem uma qualidade de vida que lhe amenize o sofrimento físico, a dor, as perdas, naturalmente ocorrentes neste período da vida; e que condições emocionais e psíquicas tenham que ser exercitadas para compensar estas perdas, para melhor recompor e dar estabilidade, aproveitamento de suas funções latentes, não manifestas, capazes de irromper, gerar auto estima e felicidade. 

Sabemos que a sociedade pós-moderna sabe muito bem enfatizar a jovialidade e todos seus afazeres e ao mesmo tempo, de forma negativa, desestimulam as atividades do idoso, assim promovendo um fator de mais perda psicológica e auto estima. Outro fator relevante, entre tantos, a longevidade trouxe uma série de desafios, pois este público necessita da seguridade social, porém a natalidade tem diminuído o que reduz o número de habitantes que contribuirão para a manutenção do sistema. Deste modo, os direitos políticos e sociais devem ser garantidos e outros devem ser elaborados tendo em vista as condições adequadas necessárias à população da terceira idade. 

Em algumas culturas, o idoso é respeitado como um agente portador da sabedoria, pois viveu o suficiente para repassar seus ensinamentos com o aporte adquirido ao longo da vida. Entretanto, nas sociedades capitalistas, a imagem do idoso é desvalorizada e inferiorizada na qual ele sobrevive, amargando a deterioração da fragilidade de seu corpo em detrimento de uma melhor qualidade de vida. 

Diante do exposto acima, é relevante que o idoso perceba que esta etapa de vida tem suas limitações, mas que um vir a ser é totalmente possível, para isso a rede de atenção a este público deve ter propostas que estimulem o protagonismo, a criatividade, para que este processo seja vivenciado com vitalidade, mantendo a curiosidade, a descoberta e a aprendizagem de novas coisas. Mas para que isso seja possível é necessário compreender o idoso em suas diversas formas de ser, e respeitando as suas maneiras de viver, ou seja, deve atentar-se para as suas memórias.  As memórias de um idoso dizem de sua história de vida e considerá-las é perceber um sujeito que é singular. Ao recontar sua história o idoso tem a possibilidade de ressignificar suas vivências e o próprio processo de envelhecimento, assumindo desta forma uma postura distinta frente à vida e a aproximação da morte, tudo isso, é claro com o auxílio de uma rede de relações sociais ativas e presentes.  E, a psicologia com todo o seu aporte teórico pode proporcionar apoio emocional para este sujeito, favorecendo um processo de redescoberta de si, uma potencialização de seus processos físicos e cognitivos, mas sem esquecer que a interação social é uma variável importante, e que todos os atravessamentos do envelhecer podem ter seu impacto reduzido pela manutenção de uma rede social. 

A autorreflexão, o autoconhecimento para possibilitar a tomada de consciência é um dos fatores primordiais para dar-se o início de readaptação continuada do envelhecimento. Quando criança e estarmos aprendendo a andar, as tentativas são incontáveis e ninguém poderá dizer que é fácil e seguramente nenhuma criança neste estágio recusa uma mão que se estende para apanhá-la do chão ou deixa de atender a uma voz positiva que lhe dá estímulo e reforça a energia para  mais outras incansáveis tentativas.

Quando meu pai se aposentou da direção da firma onde trabalhou por muitos anos e se recolheu a sua propriedade rural, naturalmente aquela mudança radical lhe fez sentir uma grande perda, e consequentemente, uma depressão que lhe foi penoso superar. Não sabendo de como eu poderia lhe auxiliar, lhe dei de presente duzentas mudas de eucalipto para que plantasse em duas alas ao longo da entrada da fazenda. Ele, de imediato, rechaçando minha proposta, disse-me: porque irei plantar essas árvores se não vou ter tempo de vê-las crescer? Lhe respondí: tudo bem, deixe-as por aí, um dia desses venho com os netos e vamos plantá-las. Na semana seguinte me encontrei com ele ao longo do corredor onde todas as mudas já haviam sido plantadas. Bravo, (normal de seu temperamento quando as coisas não marchavam bem.  Sem mesmo cumprimentar-me foi logo dizendo: essas formigas, (FP) estão cortando e levando as folhas das minhas mudas!

Ainda adolescente tomei conhecimento em um livro de um dos pensamentos do sábio Paracelso, (sábio e médico do século XIV e XV), que ainda hoje me acompanha e revitaliza meu perceber quando me deparo com as diferenças: “Aquele que pensa que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo como as cerejas, nada sabe a respeito das uvas”. 

  • O dançarino Carlinhos de Jesus fala que não há idade para começar a requebrar as cadeiras. “Se não posso mais dançar rock fazendo cabide, jogando a parceira para cima, posso balançar os quadris ou o ombro. Dançar queima calorias, libera endorfina e serotonina, melhora a hidratação da pele, a respiração, a circulação e o equilíbrio e previne doenças articulares”

Dr. Paulo Aguinsky* - 76 anos
Médico Urologista e Artista Plástico



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*As obras de Paulo Aguinsky encontram-se expostas no hall e fachada do Vila Ventura.


Samuel Silveira (Dir. Administrativo Vila Ventura), Paulo Aguinsky e sua esposa Sandra Aguinsly,
Maurício Porto (Dir. Marketing Vila Ventura)